Esse texto está dividido em tópicos para facilitar a leitura, são eles:
O que eu esperava do jornalismo
O que não aprendi com a graduação
O que você precisa saber antes de cursar jornalismo
O que eu esperava do jornalismo
Entrei na graduação em 2015 esperando aprender tudo sobre jornalismo, principalmente sobre técnicas de escrita e sonhando trabalhar na Globo. Era um sonho, mas aquele momento de entrar na faculdade e sonhar com oportunidades me parecia factível. Afinal, o que me impediria?
A propósito, spoiler, isso nunca aconteceu e jamais vai acontecer comigo. Idealizei o que é jornalismo e sucesso, mas com o tempo isso mudou.
A prática do jornalismo é diferente da expectativa e está tudo certo.
Sempre gostei de audiovisual e jornalismo, essas fotos resgatam um pouco disso. Fotografia: Cibele Freitas Iribarrem (vulgo, minha mãe), 1998.
O que aprendi na FAMECOS
Conforme os semestres foram passando o que eu menos fiz foi escrever, com o tempo se tornou desinteressante. A cada semestre eu me interessava mais por tecnologia e novas formas de produzir conteúdo. Entre 2015 e 2019 busquei diferentes experiências dentro da PUCRS.
Fiz aplicativos, pesquisas, cursos complementares e uma série de atividades extracurriculares. Sem dúvida, todas essas iniciativas me permitiram vivenciar a universidade de uma forma única. Nem sempre o resultado final do projeto era o ideal, mas isso me apresentava as dificuldades do processo e gerava uma visão mais pragmática de carreira. Afinal, o que eu posso fazer diferente na próxima?
Por exemplo, percebi que o jornalismo tinha poucas abordagens com economia e por esse motivo fiz História do Pensamento Econômico na Escola de Negócios. Ao finalizar essa cadeira percebi que jamais faria ou trabalharia com Economia, mas só soube disso por ter cursado a disciplina. Conforme o currículo, no semestre seguinte aprendi a fazer um aplicativo utilizando a plataforma Thunkable e isso me apresentou uma estrutura diferente para pensar a comunicação. Essa mesma experiência reforçou ainda mais o meu interesse por design e conteúdo.
A graduação na PUCRS me proporcionou um curso de Jornalismo e também mostrou outros caminhos possíveis. Aprendi a gostar mais de conversar com os professores fora da sala do que durante as disciplinas porque muita coisa surge de conversas antes ou depois das aulas.
A vivência de um curso de jornalismo acontece na troca de experiências entre professores e colegas porque todo mundo saí jornalista, mas também se torna muito mais humano.
Resumidamente, aprendi a curtir mais o processo do que o resultado final.
Foto de um trabalho produzido para a disciplina de Projeto Gráfico. O processo de edição e produção de conteúdo me ensinaram sobre jornalismo. Fotografia: Diego Furtado (famigerado eu), 2016.
O que não aprendi com a graduação
Não aprendi a vender o meu trabalho, mas isso eu não acho que seja culpa do curso. É muito mais complexo do que saber ou não. Tive cadeiras sobre empreendedorismo e aprendi a precificar o meu trabalho e organizar, mas ainda tenho dificuldade de me posicionar enquanto um profissional e cobrar por isso.
Acho que esse é maior desafio para os jornalistas: aprender a cobrar por fazer o que gosta. Outro ponto é o fato de que comunicação é subjetiva, qual o critério para considerar um trabalho melhor do que outro? Por ser subjetivo é difícil precificar o que é feito, principalmente em uma economia baseada em compartilhamentos, likes e coisas do tipo.
Em linhas gerais a sociedade vê pouco valor no conteúdo, isso pode ser explicado pelo paradoxo do preço do diamante e da água. Diamante é algo raro, logo é caro, enquanto água é abundante e por esse motivo é barata.
Conteúdo é água nos dias de hoje, poucas pessoas querem pagar em função da abundância que existe. Nesse aspecto o site cumpre um pouco desse papel na minha trajetória profissional que é agregar valor ao trabalho e ao que eu faço.
Em breve eu posto o link para o texto sobre mestrado e especialização, mas enquanto isso conheça o meu portfólio.
Qual foi o principal aprendizado
O jornalismo te permite ser ignorante no melhor sentido da palavra. Você sempre vai buscar um especialista e ouvir o que ele tem para dizer e antes disso você faz uma pesquisa prévia para reduzir o viés e aprender mais sobre o tema.
O ponto é: você sempre vai ouvir pessoas e apresentar dados sobre a realidade, confrontar essas duas fontes de informação e com isso você produz conteúdo.
O que deveriam ter me contado antes de cursar jornalismo
Evite as romantizações que as pessoas criam sobre jornalismo. Não acredito que seja algo proposital, mas o jornalismo é muito mais sobre disciplina, estudo, comprometimento e sorte, do que qualquer outra coisa.
Coloco sorte porque trabalhar bem não é garantia de reconhecimento ou sucesso, principalmente em um universo onde máquinas podem escrever textos e produzir conteúdos básicos. A realidade da profissão é complexa e muito diferente a cada ano que passa porque as redes sociais e tecnologias interferem o tempo todo na maneira como trabalhamos e produzimos nosso conteúdo.